segunda-feira, 15 de setembro de 2008

IX Congresso ALADAA-B - Sociedade Civil Global: Encontros e Confrontos

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO DE HUMANIDADES
CENTRO DE ESTUDOS AFRO-ASIÁTICOS

IX Congresso ALADAA-B (Associação Latino-Americana de Estudos Africanos e Asiáticos no Brasil)
SOCIEDADE CIVIL GLOBAL: ENCONTROS E CONFRONTOS.
25, 26 e 27 de setembro de 2008


As questões colocadas pela globalização, nos últimos anos, têm acentuado a percepção de interdependência entre os Estados. O pós-Guerra Fria deu protagonismo para “novos temas” da agenda internacional: Meio Ambiente, Direitos Humanos e Desenvolvimento Sustentado. Estes foram prontamente reconhecidos como temas globais, por refletirem os interesses e preocupações da comunidade internacional como um todo, e não apenas de um ou outro Estado individualmente considerado. Ademais, por não ficarem circunscritos ou limitados à esfera doméstica dos Estados, esses temas demandavam uma crescente cooperação e coordenação dos atores no cenário internacional, de modo a permitir um efetivo tratamento dos mesmos. Foi nesse contexto que se organizou, por exemplo, a Década das Conferências da ONU nos anos de 1990.

Nessa nova conjuntura, além de se perceber a consagração do conceito de soberania compartilhada, para definir a disposição crescente dos Estados em assumir compromissos internacionais e eventualmente abrir mão de parcelas de sua soberania, outrora absoluta, verifica-se, igualmente, o avanço de atores que escapam aos aparelhos de estado nos diversos tabuleiros de negociação da política internacional. Esses atores tornam-se peça fundamental tanto na promoção dos temas entendidos como globais, quanto na sua própria implementação, pressionando os Estados a aderir a declarações, convenções, pactos ou tratados internacionais que regulamentem os novos temas.

No tocante aos desafios impostos pela globalização em seus aspectos econômicos, e a expansão das práticas que compõe o neoliberalismo, percebe-se, outrossim, a importância dos movimentos sociais transnacionais (ou globais), que se articulam como centros de resistência às políticas e propostas consideradas violentas, prejudiciais ou discriminatórias às de redes sociais, discriminatórias ou contra países periféricos. Assim, os movimentos sociais, particularmente os do Sul, têm contribuído de maneira original não só aos debates das idéias, mas também em ações concretas. Na África, por exemplo, aponta-se a criação de associações ligadas às problemáticas das migrações, dos direitos humanos, da fiscalização do governo, e na Ásia constata-se a presença de redes de excluídos que lutam para melhorar as suas condições precárias de vida. Na América Latina, os movimentos afro-diaspóricos têm-se fortalecido, contribuindo a fomentar o debate em torno da instauração de políticas públicas no âmbito do ensino superior assim como expandido a discussão em torno da necessária valorização de sua historia e cultura afro-americana.

No mundo contemporâneo, embora os confrontos estejam muito bem mapeados e acompanhados pela grande mídia, as possibilidades de encontros talvez estejam um tanto obscurecidas. Não acreditamos que elas estejam enfraquecidas, mas estrategicamente colocadas fora de foco. Nos encontros que estão sendo construídos na atualidade, um porvir menos cruel pode estar sendo delineado. A tarefa de criar mecanismos para a transformação consistente e positiva do real torna-se urgente, já que é na dimensão dos encontros que o novo pode emergir.

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